Cristina Peralta / 24 de Outubro de 2025

MOSH/MOAH: definição, principais fontes e desafios analíticos

A análise MOSH/MOAH tornou-se uma prioridade crescente para a indústria alimentar europeia. A deteção e o controlo destes compostos representam não só um desafio técnico, mas também um desafio regulamentar, uma vez que a futura legislação europeia deverá estabelecer limites máximos para os MOSH/MOAH.
Neste artigo, exploramos o que são, porque preocupam e quais são as principais dificuldades e ferramentas disponíveis para o seu controlo analítico. 

Definição de MOSH/MOAH 

Os hidrocarbonetos de óleos minerais (MOH) constituem uma mistura complexa de compostos químicos derivados principalmente da destilação e refinação do petróleo, embora também possam ser produzidos a partir do carvão, do gás natural ou da biomassa.
A sua composição e comportamento variam conforme a origem e o grau de processamento do óleo mineral. 

No contexto da análise MOSH/MOAH, estes compostos dividem-se em dois grandes grupos com propriedades químicas e toxicológicas distintas: 

MOSH: Hidrocarbonetos saturados de óleos minerais

  • Incluem hidrocarbonetos de cadeia aberta, principalmente parafinas ramificadas, e hidrocarbonetos cíclicos com pelo menos um anel saturado (designados naftenos). 
  • São compostos quimicamente estáveis que podem acumular-se em tecidos gordos e em órgãos como o fígado, o baço e o tecido adiposo. 
  • Embora os seus efeitos a longo prazo ainda não sejam totalmente conhecidos, a EFSA recomenda uma monitorização contínua devido ao seu potencial bioacumulativo. 

MOAH: Hidrocarbonetos aromáticos de óleos minerais 

  • São constituídos por hidrocarbonetos aromáticos altamente alquilados, com um ou vários anéis aromáticos. 
  • Os MOAH com três ou mais anéis aromáticos demonstraram potencial genotóxico e carcinogénico, razão pela qual a sua deteção através da análise MOSH/MOAH é prioritária em alimentos e materiais em contacto com alimentos. 
  • Os MOAH com um ou dois anéis aromáticos ainda apresentam incerteza toxicológica, devido à falta de dados conclusivos sobre o seu comportamento biológico. 

A atualização da avaliação de riscos da EFSA (2023) confirma a necessidade de controlar e diferenciar as frações MOSH e MOAH em matrizes alimentares, não só pela sua origem industrial ou ambiental, mas também pelas implicações sanitárias potenciais decorrentes da sua ingestão continuada. 

MOSH/MOAH

Fontes potenciais de contaminação por MOSH/MOAH 

Os MOSH e MOAH podem entrar nos alimentos através de diferentes vias ao longo de toda a cadeia de produção, transformação e distribuição. Estas vias de contaminação tornam o seu controlo particularmente complexo. 

Entre as principais fontes de contaminação por hidrocarbonetos de óleos minerais, destacam-se: 

  • Processamento de alimentos: lubrificantes e óleos utilizados em maquinaria, agentes antiespumantes ou ceras de revestimento aplicadas sobre frutas e legumes. 
  • Migração a partir de embalagens: papéis e cartões reciclados, tintas de impressão, ceras impermeabilizantes ou sacos de juta tratados com óleos minerais. 
  • Contaminação ambiental: gases de escape, partículas de pneus ou contaminação de rações e ecossistemas aquáticos. 

 

Principais categorias de alimentos afetadas 

Os estudos da EFSA (2023) e os alertas do sistema RASFF mostram que certos alimentos são mais suscetíveis à contaminação. Os resultados da análise MOSH/MOAH revelam concentrações mais elevadas em: 

  • Óleos e gorduras vegetais, principal fonte de exposição. 
  • Cereais e produtos de padaria. 
  • Leguminosas, frutos secos, sementes oleaginosas e especiarias. 
  • Chocolate e produtos à base de cacau. 
  • Produtos lácteos, refeições prontas e snacks fritos. 
  • Alimentos para lactentes e peixe enlatado. 

Os dados das notificações europeias indicam que países como Índia, Paquistão, Espanha e Alemanha têm sido frequentemente identificados como origem de produtos não conformes.
No caso de Espanha, a maioria das notificações recentes refere-se a óleo de bagaço de azeitona e azeite, confirmando a necessidade de reforçar os controlos preventivos.

VIAS DE ENTRADA NOS ALIMENTOS MOSH MOAH

Problemática da análise MOSH/MOAH 

As técnicas mais utilizadas atualmente na análise MOSH/MOAH são LC-GC-FID e GC×GC-MS-FID, ambas aplicadas à quantificação e caracterização das frações de hidrocarbonetos presentes nas amostras alimentares. 

LC-GC-FID (Cromatografia Líquida acoplada à Cromatografia Gasosa com Deteção por Ionização de Chama) 

É o método de referência mais amplamente utilizado.
Permite determinar a fração total de MOSH e MOAH em mg/kg de amostra. No entanto, apresenta algumas limitações: 

  • Não permite separar completamente os compostos individuais. 
  • Pode gerar sobrestimativas devido a interferências naturais. 
  • Dificulta a identificação da origem real da contaminação. 

GC×GC-MS-FID (Cromatografia Gasosa Bidimensional acoplada à Espectrometria de Massa e Deteção por Ionização de Chama) 

Esta técnica avançada oferece maior capacidade de separação e resolução, permitindo: 

  • Diferenciar interferências e reduzir as sobrestimativas dos resultados. 
  • Identificar marcadores específicos de contaminação por óleos minerais, como o dibenzotiofeno (DBT) e o diisopropilnaftaleno (DIPN). 
  • Distinguir o número de anéis aromáticos na fração MOAH. 
  • Avaliar com maior precisão a origem e a concentração do contaminante. 

Por estas razões, a GC×GC-MS-FID é atualmente considerada uma técnica confirmatória essencial na análise MOSH/MOAH, especialmente em investigações regulamentares e projetos de diagnóstico avançado. 

resolución cromatográfica de LC-GC-FID y GCxGC-MS-FID

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Cristina Peralta

Especialista en comunicación digital tecnológica. Mi labor en AINIA consiste en impulsar la proyección internacional y reforzar la competitividad de las empresas, conectándolas con tecnologías de I+D que les ayudan a posicionarse como lideres en innovación. Me motiva especialmente formar parte de proyectos con gran relevancias científico-tecnológica y entender los retos reales de la industria.

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