Elvira Casas / 3 de Julho de 2025

Encapsulação e processos de extração CO2 supercrítico: a expandir possibilidades

Preferências dos consumidores e exigências da indústria incluem, por exemplo, a obtenção e utilização de produtos mais naturais e seguros para melhorar a qualidade de vida, abrangendo áreas como a alimentação, a medicina e a cosmética. A encapsulação de diversas substâncias pode ter um papel positivo nesse contexto, sendo que a tecnologia de extração CO2 supercrítico oferece várias oportunidades para processos inovadores e sustentáveis.

A procura por alternativas mais sustentáveis para responder aos desafios tecnológicos e sociais deixou de ser uma tendência de nicho e tornou-se uma necessidade reconhecida pela sociedade e pelas instituições. Isto reflete-se em iniciativas como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) ou o Pacto Ecológico Europeu, que fundamenta o Plano de Ação para a Economia Circular, adotado em 2020.

As preferências dos consumidores e as exigências industriais incluem, por exemplo, a aquisição e utilização de produtos mais naturais e seguros para melhorar a qualidade de vida, procurando também tornar as experiências de utilização mais agradáveis. O crescente interesse pela saúde pessoal, pelo bem-estar de outros seres vivos e pelo ambiente tem ampliado o foco não apenas nas matérias-primas e ingredientes derivados, mas também nos métodos utilizados para a sua obtenção. Esta tendência é particularmente notória no setor alimentar, mas estende-se à cosmética.

Isto explica o crescente interesse na proteção de substâncias bioativas sensíveis, de forma a preservar a sua funcionalidade (extratos funcionais, mas também microrganismos ou células), ou na melhoria das suas propriedades para facilitar a sua utilização (por exemplo, reduzindo o seu impacto organoléptico). A encapsulação — seja em escala macro, micro ou nanométrica — pode contribuir positivamente para esse objetivo. Neste contexto, a tecnologia de fluidos supercríticos, em especial a extração CO2 supercrítico, oferece várias oportunidades para processos inovadores e sustentáveis.

CO2 supercrítico: uma ferramenta multifuncional para inovação em encapsulação

O CO2 supercrítico é o fluido supercrítico mais amplamente utilizado, devido às suas propriedades únicas: elevada difusividade, forte capacidade de dissolução, não tóxico, não inflamável, não explosivo, económico e facilmente disponível.

A versatilidade desta tecnologia tem impulsionado avanços em diversos domínios científicos e industriais, com destaque para as inovações registadas nos últimos anos.

Na área da encapsulação, o CO2 supercrítico permite atuar em várias fases do processo, oferecendo soluções inovadoras, como demonstram vários estudos recentes.

Obtenção de extratos para encapsulação

A extração CO2 supercrítico é ideal para compostos lipofílicos não polares. Para além da sua aplicação no desengorduramento e obtenção de proteínas, permite produzir extratos de alta qualidade, preservando as suas propriedades funcionais e sensoriais, graças à ausência de oxigénio e às temperaturas moderadas do processo.

Esta tecnologia já é usada na indústria cosmética e de fragrâncias e tem sido explorada em investigações recentes. Por exemplo, um estudo de 2020 demonstrou a obtenção de um extrato antioxidante de cascas de cebola, rico em quercetina, com potencial de transporte através da interação com a beta-lactoglobulina.

Produção de partículas micro/nano encapsuladas

A tecnologia de CO2 em alta pressão, particularmente no seu estado supercrítico, está entre as alternativas disponíveis para a produção de partículas de pequenas dimensões (micronização) ou para a geração de encapsulados de substâncias específicas revestidas por outras, especialmente em escala micrométrica. Os processos que utilizam as propriedades do CO2 supercrítico para gerar partículas pequenas são numerosos e variados, representando uma das tendências tecnológicas mais avançadas, devido às extensas oportunidades e aos desafios tecnológicos que apresentam, dependendo das necessidades específicas de cada aplicação.

As características das substâncias a serem encapsuladas, o tipo de revestimento ou a aplicação final do encapsulado, o objetivo da encapsulação e outros fatores determinam a escolha da tecnologia mais adequada. Por isso, é essencial analisar cuidadosamente as alternativas oferecidas pelos processos baseados em CO2 supercrítico, considerando esses fatores e o estado atual da tecnologia (avaliando não apenas os avanços tecnológicos, mas também o seu nível de desenvolvimento e a proteção por propriedade intelectual). Com base nessa análise, é possível eliminar as opções que não atendem aos requisitos e/ou selecionar as mais promissoras, além de identificar o caminho necessário para o desenvolvimento de soluções concretas.

Para simplificar o papel do CO2 supercrítico nos processos de encapsulação, é importante destacar que, em certos tipos de processos, a solubilidade das substâncias no CO2 supercrítico é aproveitada, gerando-se partículas ao alterar as condições do processo até que as substâncias se tornem insolúveis. Por outro lado, outras opções de processos utilizam o CO2 supercrítico como antissolvente, forçando a formação de partículas ao reduzir a solubilidade das substâncias nas soluções iniciais devido à intervenção deste fluido. A lista de processos e variantes que utilizam o CO2 supercrítico em diferentes funções é extensa [alguns dos mais reconhecidos: RESS (Rapid Expansion of Supercritical Solutions), GAS (Gas Anti-Solvent), SAS (Supercritical Anti-Solvent), PCA (Precipitation with Compressed Anti-Solvent Fluid), PGSS (Particles from Gas-Saturated Solutions), DELOS (Depressurisation of an Expanded Liquid Organic Solution), SFEE (Supercritical Fluid Extraction of Emulsions), ASES (Aerosol Solvent Extraction System), entre outros] e continua a crescer, evidenciando o grande interesse por esta tecnologia.

Impregnação de suportes e encapsulados com CO2 supercrítico

Graças à sua elevada capacidade de difusão, o CO2 supercrítico permite impregnar materiais, conferindo-lhes novas funcionalidades. Um exemplo é a impregnação de micropartículas de soja com óleo de chia, protegendo o óleo da oxidação e permitindo a libertação controlada no trato gastrointestinal.

Pós-tratamento: eliminação de solventes, secagem e esterilização

Alguns processos de encapsulação utilizam solventes orgânicos, o que exige etapas adicionais de purificação. O CO2 supercrítico pode eliminar esses resíduos, como demonstrado num estudo de 2020, que conseguiu remover 99% de diclorometano de microesferas de PLGA com risperidona.

Além disso, o tratamento com CO2 supercrítico também permite a esterilização de materiais sensíveis. Um estudo recente demonstrou a eficácia deste método para esterilizar membranas nanoporosas destinadas à encapsulação celular, tornando-as adequadas para implantes médicos.

AINIA: experiência em encapsulação e extração CO2 supercrítico

A AINIA conta com mais de 25 anos de experiência no desenvolvimento e escalonamento de soluções industriais baseadas em extração CO2 supercrítico, bem como mais de 15 anos de trabalho em encapsulação. Em 2020, reforçou-se a investigação nesta área, com a aquisição de novos equipamentos e o desenvolvimento de soluções adaptadas às necessidades industriais.

Estes avanços foram financiados pelo IVACE (Instituto Valenciano de Competitividade Empresarial) no âmbito do seu programa de apoio à investigação e transferência de tecnologia para o setor industrial.

IVACE

Elvira Casas

Ingeniero Químico por la Universidad de Valladolid con D.E.A. en Ingeniería de Procesos, desarrolla su trabajo en Tecnologías de Fluidos Supercríticos-ALTEX, con más de 23 años de experiencia profesional como responsable de proyectos. Cuento con 25 años de experiencia investigadora en desarrollo de procesos basados en operaciones relacionadas con la ingeniería química, especialmente en el ámbito de las tecnologías de alta presión y fluidos supercríticos (especialmente CO2), abarcando desde desarrollo de procesos hasta escalado a nivel industrial involucrando GMPs y estimación de viabilidad técnico-económica, pasando por diseño de instalaciones o acciones formativas. Entre las principales líneas tecnológicas cabe destacar: Extracción y fraccionamiento de sustancias naturales diversas (aceites vegetales, extractos botánicos, aceites esenciales y aromas, fracciones bioactivas o funcionales, etc.) Desgrasado de productos agroalimentarios Mejora de productos (descontaminación, eliminación de plaguicidas, fraccionamiento, etc.) Tratamiento de materiales e impregnación Micro/nanoencapsulación y obtención de partículas Otros: aprovechamiento integral de subproductos, biorrefinería/bioindustrias, etc.

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Ingeniero Químico por la Universidad de Valladolid con D.E.A. en Ingeniería de Procesos, desarrollo mi actividad laboral en Tecnologías de Fluidos Supercríticos-ALTEX, con más de 23 años de experiencia profesional como responsable de proyectos. Cuento con 25 años de experiencia investigadora en desarrollo de procesos basados en operaciones relacionadas con la ingeniería química, especialmente en el ámbito de las tecnologías de alta presión y fluidos supercríticos (especialmente CO2), abarcando desde desarrollo de procesos hasta escalado a nivel industrial involucrando GMPs y estimación de viabilidad técnico-económica, pasando por diseño de instalaciones o acciones formativas. Entre las principales líneas tecnológicas cabe destacar: Extracción y fraccionamiento de sustancias naturales diversas (aceites vegetales, extractos botánicos, aceites esenciales y aromas, fracciones bioactivas o funcionales, etc.) Desgrasado de productos agroalimentarios Mejora de productos (descontaminación, eliminación de plaguicidas, fraccionamiento, etc.) Tratamiento de materiales e impregnación Micro/nanoencapsulación y obtención de partículas Otros: aprovechamiento integral de subproductos, biorrefinería/bioindustrias, etc.

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