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O milho geneticamente modificado é uma variedade de milho cujo material genético foi alterado em laboratório através de técnicas de engenharia genética. Ao contrário dos métodos tradicionais, esta tecnologia permite incorporar genes específicos de outras plantas ou organismos para dotar a cultura de características concretas, como resistência a pragas ou tolerância a herbicidas. Compreender o papel do milho geneticamente modificado é essencial, já que este tipo de cultura foi desenvolvido para responder a alguns dos principais desafios da agricultura moderna: melhorar a produtividade, reduzir o uso de pesticidas ou adaptar-se melhor a condições climáticas adversas. Por exemplo, existem variedades de milho geneticamente modificado que produzem uma proteína que atua como inseticida natural, reduzindo assim a necessidade de tratamentos químicos.
Do ponto de vista produtivo, o milho geneticamente modificado:
Otimiza os rendimentos agrícolas, podendo contribuir para a segurança alimentar.
Reduz os insumos químicos, como pesticidas ou herbicidas.
Permite uma gestão mais eficiente da cultura, facilitando práticas agrícolas mais sustentáveis.
No que diz respeito à regulamentação, estas culturas estão sujeitas a uma avaliação rigorosa de segurança alimentar e ambiental antes da sua aprovação. Organismos internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) coincidem em afirmar que os alimentos derivados de culturas OGM atualmente autorizadas são seguros para consumo humano. No entanto, a perceção social do milho geneticamente modificado continua a ser um aspeto relevante. Em alguns mercados, existe uma procura crescente de produtos “livres de OGM”, o que obriga as empresas a avaliar a sua utilização de uma perspetiva estratégica, considerando tanto os benefícios tecnológicos como as expectativas dos consumidores.
De acordo com o Relatório Anual sobre a Situação Mundial da Comercialização de Culturas Geneticamente Modificadas publicado pelo International Service for the Acquisition of Agri-Biotech Applications (ISAAA) em 2011, a superfície mundial de culturas biotecnológicas atingiu os 160 milhões de hectares. Na União Europeia (UE), foram semeados 114.624 hectares de OGM, e Espanha encontra-se na vanguarda europeia com 97.326 hectares de cultivo de milho geneticamente modificado. Neste sentido, para avaliar o risco dos produtos OGM comercializados, são realizados estudos científicos que determinam a inocuidade do produto. Seguidamente comentamos os resultados obtidos num estudo científico recente que investigou o consumo de milho geneticamente modificado e os efeitos nos animais utilizados na experiência.
Entre as culturas de organismos geneticamente modificados (OGM), destacamos o milho geneticamente modificado K 603, que integra um gene que lhe confere resistência ao herbicida Roundup, composto por glifosato. Esta variedade é cultivada e comercializada em muitos países, tanto para consumo humano como animal.
Atualmente, uma investigação publicada na revista científica Toxicology in Vitro (Ed. Elsevier) por Séralini et al., 2012, da Universidade de Caen, em França, determinou o efeito tóxico a longo prazo do herbicida Roundup e do milho geneticamente modificado tolerante a este herbicida. Na investigação, essa toxicidade gerou alterações e tumores nos ratos utilizados nas experiências.
Na experiência realizada pelo professor Séralini, diferentes grupos de ratos receberam, ao longo de 2 anos: o herbicida Roundup, cujo princípio ativo é o glifosato (adicionado ao milho e à água numa concentração abaixo do nível máximo admitido de resíduos do pesticida); milho geneticamente modificado resistente ao glifosato; e, como grupo de controlo, outros ratos foram alimentados com milho da mesma variedade, mas não geneticamente modificado.
De forma surpreendente, os resultados da experiência indicaram uma diferença positiva significativa relativamente à geração de tumores entre os grupos de ratos alimentados com glifosato na água, milho geneticamente modificado tratado com glifosato e milho geneticamente modificado, em comparação com o grupo de controlo (ratos alimentados com milho não geneticamente modificado).
Tendo em conta os resultados do último trabalho do Prof. Séralini, juntamente com dados publicados anteriormente onde se descreviam os efeitos negativos do glifosato em células in vitro de ratos e humanos (Clair et al., 2012, Toxicology in Vitro e Gasnier et al., 2009, Toxicology), seria adequado identificar os alimentos tratados com glifosato, e até mesmo o milho geneticamente modificado resistente a este composto, como um risco emergente para a segurança alimentar. Por conseguinte, seria necessário reavaliar o seu impacto na saúde e no ambiente.
Em função dos resultados obtidos pelo Prof. Séralini e face à produção e consumo crescentes de OGM, a difusão da publicação foi rápida e de grande impacto, sobretudo no âmbito europeu, gerando uma preocupação social que levou as instituições relacionadas com a análise de riscos de segurança alimentar a avaliar com urgência a metodologia do trabalho publicado.
Como efeito imediato da publicação, tanto a Agência Alemã como a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar, a pedido da Comissão Europeia, revisaram o artigo recentemente publicado sobre a toxicidade potencial do milho geneticamente modificado e do herbicida Roundup que contém glifosato, concluindo que o mesmo apresentava qualidade científica insuficiente para ser considerado válido para justificar uma reavaliação do risco desses produtos.
Entre as conclusões apresentadas pela EFSA incluem-se:
a variedade de ratos utilizada nos ensaios é propensa a desenvolver tumores,
o número de animais utilizado nas experiências não era estatisticamente adequado,
a publicação não cumpre os modelos e normas internacionais, etc.
Por outro lado, a equipa do Prof. Séralini respondeu às objeções da EFSA no site da ONG CRIIGEN e, possivelmente, quando o documento for oficial, será elaborado um novo relatório por parte da EFSA.
Dada a contundência do relatório da EFSA, os consumidores potenciais de OGM podem ficar tranquilos, embora o caso gere certas dúvidas e incertezas que deveriam ser analisadas.
Na metodologia de avaliação de riscos emergentes, uma atividade fundamental que realizamos é a revisão de artigos científicos para identificar sinais e tendências de riscos potenciais para a segurança alimentar, sobre os quais se possam tomar medidas de gestão proativas. Até à data, estes artigos presumiam-se de relevância e qualidade científica comprovada, por serem publicados através de uma editora que integra a revisão por pares de cientistas reconhecidos no âmbito do tema publicado.
Como conclusões, importa destacar que os procedimentos de revisão das revistas científicas deveriam:
ser padronizados, homologados e controlados periodicamente,
incluir a qualificação dos editores e revisores, bem como o registo e transparência da revisão dos artigos publicados.
Tudo isto com o objetivo de garantir a qualidade dos mesmos e evitar o aparecimento de publicações sensacionalistas, alarmistas ou simplesmente carentes de rigor científico, que possam deteriorar ou colocar em dúvida a seriedade e o bom trabalho da comunidade científica no avanço das suas investigações e descobertas.
Por último, se por alguma eventualidade o trabalho do Prof. Séralini tivesse fundamento e os seus resultados científicos fossem confirmados, seria necessário considerar a reavaliação do risco do produto comercializado e, possivelmente, rever a metodologia de avaliação juntamente com a legislação europeia aplicável.
Referências
1.Séralini et al. 2012. Long term toxicity of a Roundup herbicide and Roundup-tolerant genetically modified maize. Food and Chemical Toxicology. In press. 2.Clair et al 2012. A glyphosate-based herbicide induces necrosis and apoptosis en mature rat testicular cells in vitro, and testosterone decrease at lower levels. Toxicology in Vitro 26 269-279. 3.Gasnier et al. 2009. Glyphosate-based herbicides are toxic and endocrine disruptors in human cell lines. Toxicology 184-191.
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